Pesquisadores britânicos indicam que os sintomas podem durar mais tempo do que se pensava
Londres – um estudo do Reino Unido, milhões de pessoas podem apresentar efeitos colaterais ao tentar reduzir o uso de antidepressivos. A revisão do Grupo Parlamentar da Dependência de Drogas Prescritas sugere que os efeitos podem ser mais prejudiciais e durar mais tempo do que se pensava anteriormente.
Os investigadores analisaram 24 estudos, envolvendo mais de 5.000 pacientes, para chegar às conclusões, publicadas no Journal of Addictive Behaviors. A análise indica que, em média, 56% dos pacientes que interrompem ou reduzem os antidepressivos apresentam sintomas de abstinência, com 46% deles relatando sintomas graves.
Além disso, a revisão aponta que a maioria dos estudos revisados mostram que uma proporção significativa dos pacientes apresentou sintomas de abstinência por mais de duas semanas, e que não é raro que apresentem sintomas durante várias semanas, meses ou mais. Entre os sintomas, ansiedade, problemas de sono, como insônia e alucinações.
Os autores, James Davies, da Universidade de Roehampton, e John Read, da Universidade de East London, dizem que cerca de quatro milhões de pessoas na Inglaterra, podem apresentar sintomas quando se abstêm de antidepressivos e cerca de 1,8 milhões podem experimentar isso como grave. Entre os sintomas, ansiedade, problemas de sono, como insônia e alucinações.
O estudo indica que é necessário alertar os pacientes sobre isso, enfatizando que a orientação vigente no país diz que não é incomum que os efeitos colaterais duram semanas, meses ou mais.
‘Efeitos devastadores’
Entre o material analisado, há comentários de pacientes, como mostrou a BBC: “levei dois meses infernais para sair de antidepressivos – foi muito mais difícil do que eu esperava”. Ainda há quem diga que levou anos de tentativas. E a gente informado sobre os efeitos colaterais, como “devastadores”, apontando como insônia e mudanças de humor.
Um dos autores, James Davies afirma que esta nova revisão revela o que muitos pacientes já sabiam há anos, “que a abstinência de antidepressivos, em geral, causa sintomas graves e debilitantes, que podem durar semanas, meses ou mais”.
O professor afirmou ainda: “As orientações existentes do NICE (Instituto Nacional de Excelência Clínica) não reconhecem como a abstinência é comum e sugerir, erroneamente, que geralmente se resolve em uma semana”. Isso, segundo ele, leva muitos médicos a diagnosticar erroneamente os sintomas de abstinência, “em geral, como recaída”, o que se traduz em regras “de longo prazo desnecessárias e prejudiciais.”
O uso de antidepressivos, um dos medicamentos mais comuns no Reino Unido, tem aumentado no país. De acordo com os valores do NHS, o sistema público de Saúde britânico, cerca de 65 milhões das receitas destes medicamentos foram dadas na Inglaterra só em 2016 – o que representa um aumento de 3,7 milhões em relação a 2006.
Fonte: Mundo